"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

26 de out. de 2011

Um casamento singular

Uma competição única, que conta com o que há de melhor no mundo do futebol, só poderia ser patrocinada por uma empresa singular, que oferece em cada um dos seus produtos o diferencial necessário para que o consumidor sinta-se igualmente único e desfrute de momentos inesquecíveis.

Além do comprometimento com a qualidade, a marca remete, em todos os seus aspectos, à verdadeira essência do futebol: alegria.

Apreciados nos quatro cantos do mundo, Heineken e futebol é o casamento perfeito para aqueles que desejam viver uma experiência sem precedentes e inovadora.



Post patrocinado por Heineken, patrocinadora oficial da UEFA Champions League.

22 de out. de 2011

Équilibre parfait

Na semana em que tivemos a corroboração do óbvio - leia-se politicagem no futebol tabela da Copa do Mundo - vou, como amante do futebol - embora muitos se esforcem para acabar com tal sentimento - deixar uma dica aos leitores que, como eu, preferem "continuar acreditando" que o futebol é uma "ilha da fantasia" imune aos males que apodrecem os demais segmentos da sociedade.


Pode parecer estranho, já que estamos em uma reta final de campeonato brasileiro que promete grandes emoções até a última rodada - rodada aliás que nos reserva clássicos simplesmente fantásticos - mas, recomendo, aos que puderem, a acompanhar os jogos do Paris Saint-Germain pelo campeonato francês.

O clube da capital francesa investiu no futebol sul-americano dentro e fora dos gramados para voltar ao caminho dos títulos. Além de anunciar a maior contratação da história do futebol francês, o argentino Javier Pastore - que vem correspondendo o investimento de 43 milhões de euros diga-se - chegaram ainda o capitão da seleção uruguaia, campeã da Copa América, Diego Lugano, e, para assumir o cargo de novo diretor esportivo, o brasileiro Leonardo.

Javier Pastore e Nenê - Dupla de meias de fazer inveja a qualquer clube do mundo

O time de Antoine Koumbouaré, é interessantíssimo na teoria, armado em um 4-4-2 em quadrado com Nenê - que vem jogando o fino da bola desde a temporada passada - e Javier Pastore - craque - na armação, o oportunista Kevin Gameiro no comando do ataque e Diego Lugano liderando o sólido sistema defensivo; e melhor ainda na prática, com um futebol envolvente e ofensivo, o típico time "sanfona": compacto, rápido, com um meio campo que, apesar de contar com dois meias criativos, dá combate, principalmente com o incansável Sissoko, e avança em bloco.

O PSG conta hoje com o que este blogueiro costuma chamar de "equilíbrio perfeito" - ou quase - em relação a importância de jogadores e suas funções; a mescla perfeita de craque, bons jogadores e operários. Ao contrário do que todos imaginam, um time perfeito, ou que se aproxime disso no futebol, prima por uma série de fatores que não apenas onze grandes jogadores; é necessário que eles se completem e não se anulem, que interajam e não concorram e que executem suas funções sem esperar o reconhecimento da função do outro.

15 de out. de 2011

Banalização da "zebra"


Zebra - Mamífero, membro da mesma família dos cavalos, os equídeos, nativa da África central e do sul.
 Wikipédia

Embora o "pai dos burros" nos dê o significado - óbvio - de "zebra", o futebol faz - assim como faz com tantos outros termos - o que dele bem entende. No jargão futebolístíco, zebra significa um resultado inesperado, onde um time muito forte é surpreendido por outro bem inferior a ele; mas para tal termo ser usado corretamente, é necessário e fundamental que se faça uma análise de momento e não histórica.

Leve em consideração a camisa e a história, e a derrota dos hermanos para a Venezuela é uma zebra colossal. Leve em consideração o que se deve levar - o momento - e a verdadeira zebra apareceira em caso de vitória argentina em Puerto de la Cruz.

A torcida é movida pela emoção, não quer saber de análises frias e realistas - o que é perfeitamente compreensível e natural quando se trata de torcida, desprovida do mínimo de razão e auto crítica em suas análises - e ao ver do outro lado uma equipe sem expressão, que até outro dia era o saco de pancadas da América do Sul, o único resultado aceitável é a vitória. Que sá goleada. Fora o baile.

O surpreendente - muito mais do que o resultado da partida diga-se - são os "profissionais" da imprensa compartilhando do mesmo pensamento "irracional" da torcida. Qualquer um que acompanha futebol de maneira imparcial, analítica e que tem o mínimo de bom senso sabe muito bem que a seleção venezuelana vem de uma crescente, desde as categorias de base, que já significa o melhor momento de sua história. Um time que, embora ainda conte com a altitude como camisa 10, é muito organizado taticamente.

Em contra partida, nossos hermanos há muito tempo - põe muito nisso - não sabem o que é bom futebol. Uma seleção sem nenhum padrão de jogo, que conta com grandes jogadores - ofensivos - mas que sofre com a péssima administração extra campo. [Depois de tempos a Argentina tem um treinador de verdade, mas que precisará de tempo e que sofrerá com o imediatismo do lado de lá da fronteira. Qualquer semelhança não é mera coincidência]

Futebol não é feito de uma lógica simples, há muitas variantes e aspectos a serem levados em consideração antes de se empregar determinados termos para que não fiquem fora do contexto da realidade, e a realidade atual é uma só: a Venezuela vive ótima fase equanto a Argentina não vem jogando rigorosamente nada. De zebra, a derrota argentina vitória venezuelana não tem NADA.

9 de out. de 2011

Samurai chileno

Reza a lenda que nos arredores de Tóquio vivia um ancião que, ao ser atingido pela inevitável ação do tempo, passou a se dedicar a ensinar o zen para os jovens postulantes a samurai. Dizia-se ainda que o velho samurai, apesar da idade, era capaz de vencer qualquer adversário.

Certa feita, apareceu por ali um jovem, conhecido por suas habilidades com a espada e completa falta de escrúpulos; usava o artifício da provocação para atrair seus oponentes e então aplicar o bote fulminante com uma astúcia, incomum, porém de certa maneira admirável, para sua pouca idade.

 
Na intenção de aumentar sua fama, o jovem resolveu desafiar o velho ancião para um duelo; a contra gosto de todos os seus discípulos, o desafio foi aceito pelo velho samurai.

Na praça do pequeno vilarejo, diante dos olhares de todos, o jovem passou a impor, ou ao menos tentar, sua forma pouco ortodoxa de induzir o adversário ao erro para alcançar a vitória. Passou a agredir de todas as maneiras possíveis, que não físicas, o velho ancião, que de forma impassível e serena, continuou em silêncio.

Depois de horas gritando todos os insultos possíveis, o impetuoso jovem retirou-se exausto e humilhado.

Ao ser indagado sobre o motivo de ter aceito tantas agressões calado, o velho ancião deu a seguinte explicação:
- Se alguém chega até você com um presente mas você não o aceita, quem fica com ele ?
- Quem tentou entregá-lo. Respondeu o discípulo.
- Pois bem, o mesmo serve para as agressões e insultos.

Ontem, assistindo a partida entre Argentina e Chile [4x1], por algum motivo - bizarro - lembrei desta fábula. Há algum tempo a seleção chilena me lembra o jovem audacioso que usa todas as suas artimanhas para se impor e agredir - quando digo "agredir" não me refiro a físico e sim a um futebol ofensivo - o adversário; induzí-lo a "aceitar a provocação" e entrar na sua correria, o que eventualmente abriria os espaços na defesa adversária, espaços que diante de um ataque que conta com Suazo, Alexis Sanches [desfalque na partida de ontem] e Valdívia, podem custar muito caro.

Assim como na fábula, o "jovem" chileno tem encontrado, se não anciãos, adversários serenos e conscientes que mesmo jogando em casa não se afobam diante de uma audaciosa seleção que não tem medo de encarar de igual para igual quem quer que seja e que tem pago o preço por sua tolice coragem.

Porém, o que difere o jovem da fábula do "jovem" chileno é o fato de que os adversários do "jovem" chileno não têm esperado que ele se retire com o gosto amargo da derrota, mas têm imposto tais derrotas com a arma mais usada pelo jovem da fábula: o contra golpe fulminante.

Ousadia e ambição são características louváveis, se com elas estiverem certa dose de
sabedoria e paciência. Há sentimentos e características que não nos conduzem ao caminho desejado se com elas não estiverem inerentes seus valores antônimos.

OBS: Sobre a partida da seleção brasileira me abstenho de qualquer comentário, afinal, é impossível comentar o nada. Vou apenas observar, como diria Tim Vickery: "o comportamento maníaco depressivo" da torcida e de parte da imprensa que não sabe diferenciar uma análise de momento de uma análise mais ampla. O lixo e o luxo se alternam no dia a dia das manchetes.

4 de out. de 2011

A volta do romantismo

Sob a sombra de tranquilidade propiciada pela seleção "B", a seleção brasileira, "A", começa a se apresentar para o amistoso de sexta-feira contra a Costa Rica.

A imprensa repercutiu a vitória diante da Argentina de todos os pontos de vista possíveis; táticos, técnicos, psicológicos em termos de resultado para treinador e jogadores, sob o aspecto de descoberta de jovens capazes de assumir a responsabilidade de vestir a camisa mais vencedora do futebol mundial, entre outros; deixando de fora o fator mais importante da partida em Belém: o resgate da identidade e unicidade entre seleção brasileira e torcida.


Pergunte a um torcedor na faixa dos 50 e 60 anos o que representava a seleção brasileira em sua juventude, depois pergunte a um jovem torcedor de hoje o que ele prefere, seu clube de coração ou a seleção brasileira...

Vivemos em uma sociedade de valores absolutamente invertidos em todos os segmentos, esportivo, político, social e econômico; aonde o ético é inerente a conveniência dos fatos.

Há tempos a seleção é vista e "vendida" sob a feição negativa da incompetência de gestões técnicas anteriores, que deturparam a essência do futebol brasileiro com posturas defensivistas, e da corrupção da CBF, que sob os mandos e desmandos de Ricardo Teixeira faz o que bem entende com tudo que diz respeito a futebol no país.

 
O romantismo, desconhecido por uma geração que cresceu ouvindo que o que realmente importa são os clubes, que outrora movia uma nação inteira por amor a um selecionado começou a ser resgatado em Belém, deixando claro e evidente de que no futebol toda e qualquer ação acarretará consequências, boas ou ruins, a curto e longo prazo, individual ou de maneira mais ampla. Explico.

O emocionante hino nacional, emblemático nesse resgate da relação torcida x seleção, que vimos em Belém, começou a ser tocado meses atrás, na Vila Belmiro, quando o presidente Alvaro Ribeiro elaborou um plano bem sucedido para manter Neymar no Brasil e desencadeou um efeito dominó no futebol brasileiro.


Hoje o maior ídolo do futebol brasileiro atua no país, as maiores esperanças permancem em seus clubes, a torcida acompanha seus ídolos de perto e transfere essa relação de amor e admiração para a seleção ao vê-los vestindo a amarelinha. A "desconhecida" seleção formada de "europeus", sem representatividade nenhuma para os torcedores brasileiros não existe mais e os pais que se acostumaram a ver Zico, Pelé e Falcão entre as camisas de Flamengo, Santos e Internacional e da seleção brasileira, podem hoje mostrar à seus filhos Ronaldinho, Neymar, Leandro Damião, entre outros, na mesma situação.

Uma vitória contra nossos tradicionais rivais - não inimigos, porque futebol é esporte e não guerra - com uma seleção genuinamente brasileira, o passo mais importante e representativo do, tão criticado, trabalho de Mano Menezes; que apesar dos pesares, foi capaz, ainda que beneficiado por um série de fatores, de realizar o que nenhum outro conseguiu em muitos anos - e estamos falando de nomes como Zagallo, Parreira e Felipão - reconciliar a Seleção Brasileira de Futebol com seu maior patrimônio: sua torcida. [Que seja eterno enquanto dure...]