Sempre fui antiquado no assunto futebol. Meu esquema tático
perfeito será sempre o tradicional 4-4-2. Meus jogadores preferidos são os
poucos capazes de aliar o futebol moderno ao máximo de classe e elegância –
Zidane e Iniesta. E o sentimento se estende ao traje. Abomino os uniformes do
futebol moderno, sacrificados em nome da saúde financeira das equipes.
Nome, número e escudo em uma camisa simples. Clássica – e não
esqueça da gola polo – por favor.
Recuso-me a deixar o romantismo de lado, o mesmo romantismo
que vez por outra não passa de eufemismo para “velho” - que seja. Ao menos
costuma ser mais duradouro e racional do que a intempestiva paixão que corre na
contra mão dos sentimentos “futebolísticos”.
Talvez seja essa a diferença quando se trata de time e
seleção. Os sentimentos “clubísticos” são regidos pela irracionalidade dessa
paixão, que acelera o coração e umedece os olhos ao menor sinal de
reciprocidade. Não há paixão mais desgastante, porque ao contrário das demais,
ela não é passageira, simplesmente se renova a cada encontro. Não existe
paixão velha no relacionamento torcedor-time. As lembranças de outrora são
capazes de emocionar, como se tivessem sido vividas ontem.
Já seleção é amor. Exige paciência e dedicação constantes.
Relacionamento construído a base de confiança. Tijolinho por tijolinho. À longo
prazo. Frágil como um castelo de cartas, desmorona em segundos, o que levou
anos para ficar em pé. Apenas para a fragilidade se transformar em um incrível
poder de superação, e começar tudo de novo. O ciclo sempre se renova. Experiências
boas e ruins vão deixando marcas que o tempo transforma em lições e recordações
lembradas com nostalgia, saudade e certa dose de lamentos.
É, o futebol as vezes
tem o estranho hábito de ser metáfora da vida.