A noite de ontem foi emblemática. Sobre a mesma ótica de observação, o futebol nos apresentou dois finais absolutamente distintos. A glória e o fracasso de dois times que perseguem obsessivamente um objetivo inédito em sua história.
O futebol possui particularidades absolutamente contraditórias. Analisando friamente as partidas - deixando de lado seu real valor - nove em cada dez analistas/torcedores/comentaristas diriam que foram partidas pobres e limitadas técnicamente - o que de fato é verdade -, mas uma vez que prestamos atenção no contexto, sangue, suor e lágrimas passam a caracterizar outra face do bom futebol, substituindo fatores como qualidade técnica e jogadas plásticas.
Classificação com a essência de "sofredor" que só o corintiano conhece. Eliminação com requintes de crueldade para time conhecido como "guerreiro", que se acostumou a travar e vencer batalhas que parecem perdidas aos olhos da maioria.
O Corinthians entrou em campo para enfrentar mais do que 11 jogadores que defendiam outra camisa, entrou para enfrentar traumas, fantasmas, medos e a própria ansiedade em busca de uma obsessão, e viu um jogador que é popularmente conhecido pelo diminutivo de seu nome, se agigantar aos 42 minutos do segundo tempo, decretando a classificação em uma noite épica para os mais de 35 mil loucos que lotaram o Pacaembu.
Paulinho, heroi da classificação corintiana, comemora o gol com a torcida |
Horas antes o futebol havia nos mostrado um outro final para o roteiro sangue/suor/lágrimas. No Engenhão, as lágrimas que foram precedidas de sangue e suor eram carregadas de um sentimento bem diferente das que se viram no Pacaembu: Tristeza e resignação pela certeza de que os guerreiros foram uma vez mais ao limite de suas possibilidades, porém, dessa vez o limite não foi suficiente para atingir o objetivo.
Os mesmos ingredientes. O mesmo fator decisivo: Um gol nos últimos minutos de jogo. Dois finais distintos. Algo que só o futebol é capaz de proporcionar.