"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

8 de jul. de 2013

#ironia #órfãos

A nau são paulina está a deriva novamente, mas ao contrário do que muitos pensam, não fazem poucos dias, e sim mais de seis  meses. A embarcação são paulina foi à pique quando a âncora que a mantinha em águas tranquilas se soltou e foi em direção ao outro lado do Atlântico. Lucas.

Poucos meses de ausência do camisa sete foram suficientes para a verdadeira realidade do time aparecer. Lucas era cortina de fumaça perfeita para manter a tranquilidade dos cartolas e ofuscar sua incompetência.

Ney Franco - Demitido depois de exatos 365 dias à frente do comando técnico do São Paulo

O escudo da diretoria se foi, deixou os cofres do clube cheios, e um time órfão dentro de campo. Procura-se nova proteção contra a massa insatisfeita. Alguém tem que pagar essa conta. Sobrou para Ney Franco. É bem verdade que o treinador tem boa parte da culpa, não soube administrar os egos dos jogadores, dentro e fora de campo, errou nas escolhas táticas, não soube dar padrão de jogo ao time, e tempo para tudo isso não faltou. Mas a diretoria também tem uma larga fatia desse bolo.

Lucas foi vendido ao PSG no meio do ano passado por mais de 100 milhões de reais, maior transferência da história do futebol brasileiro

A venda de Lucas foi anunciada seis meses antes do garoto de fato deixar o time. Com tempo, e dinheiro em caixa, para buscar um, ou até dois jogadores com características semelhantes para suprir sua ausência, a diretoria insistiu na contratação de um meia completamente diferente, com uma relação custo-benefício pra lá de duvidosa. E lá se foram quase 30 milhões de reais.

Seis meses depois, eliminado pela enésima vez na semi-final do campeonato estadual, humilhado nas oitavas-de-final da Libertadores, novamente por um time brasileiro, próximo de perder um título importante para um grande rival, o São Paulo chega ao clássico contra o Santos com o comando interino de Milton Cruz. E aí, mais uma vez, observamos a ironia esdrúxula que move o futebol.

A nau santista está em situação bem parecida com a tricolor, órfão de seu grande jogador, e com comando interino de Claúdio Oliveira. A diferença é que o interino da Vila Belmiro tapa o buraco deixado por Muricy Ramalho, o interino do Morumbi, guarda a vaga de Muricy Ramalho.

Mesmos caminhos, esperando chegar em lugares diferentes. Einstein previu.

E viva a falta de criatividade!

E não se espantem se São Paulo e Santos fizerem um grande jogo no Morumbi hoje, afinal, coerência e futebol, não andam de mãos dadas.