"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

28 de nov. de 2011

Provincianismo na medida certa

O dinamismo do futebol e dos conceitos que o cercam ficam latentes a medida que um campeonato se aproxima do fim. O exemplo mais claro da edição deste ano é o tal do provincianismo que, por conta de uma mudança na tabela que - não se enganem - "deu certo por acaso", aumenta de forma significativa a emoção nas rodadas finais

O provincianismo, bairrismo, ou seja lá que nome você dê a toda forma de disputa local, que ontem causava as "entregas" e discussões intermináveis sobre ética, hoje promovem espetáculos que ainda que contassem com roteiros e scripts cuidadosamente planejados não seriam tão perfeitos - então sim, para não dizerem que erros são apontados e acertos ignorados, a mudança na tabela com os clássicos nas últimas rodadas foi ótima para o campeonato, ainda que o efeito tenha sido "sem querer" já que o objetivo era evitar o "corpo mole" de A para prejudicar B e não "confrontos diretos" de A e B. Isso entra na conta do futebol e seu incomparável hábito de aprontar das suas.

Chegamos a última rodada com simplesmente todas as partidas valendo alguma coisa pra alguém; título, Libertadores, sobrevivência, água no chope dos rivais e uma certeza: os defensores do mata-mata e seus "jogos decisivos" precisam rever seus conceitos.

Partidas distintas que decidem o desfecho umas das outras; torcedores vendo o jogo do seu time de coração e ouvindo o que seus rivais faziam a quilômetros de distância; corações disparando a cada anúncio de gol. UM gol, unidade mínima de contagem, mas que foi capaz de mudar, ao menos temporariamente, o destino de três clubes de uma só vez. O Cruzeiro vencia o Ceará por 2x1 até 36 minutos do segundo tempo, o resultado livrava o time mineiro do descenso e rebaixava de uma só vez Ceará e Atlético-PR. UM gol cearense a nove minutos do fim, 2x2. E o destino dos três adiado por mais uma semana. 

UM gol, capaz de explodir de alegria e mergulhar na tristeza dois estádios simultaneamente. Cena que mais se viu na tarde de ontem.

UM gol perdido, nessa ou naquela partida que parecia menos importante, mas que ao final de oito meses de disputa custará a quatro clubes o lugar na primeira divisão.

Gol. O momento mais sublime do futebol. Desprovido de razão. Dominado pela emoção. Emoção tão fundamental quanto inexplicável. Vivida de forma intensa e que faz valer a pena.

Qualquer discussão racional sobre qualquer ponto de vista hoje, sobre a rodada de ontem, faz-se vazia. Dias como o de ontem são para serem vividos e nos trazem a certeza de que se nos bastidores o futebol "começa" a sofrer do mesmo mal que afeta grande parte da sociedade, dentro de campo a "ilha da fantasia" permanece intacta. Imune a podridão externa. Fazendo prevalecer sua magia e essência fundamental e, como vimos ontem, por vezes com uma ajudinha do imponderável.

21 de nov. de 2011

A epopeia do Imperador

É indubitável que a cobertura esportiva da imprensa é diferente das demais editorias - cultura, política, saúde entre outras. Embora a produção de textos siga as mesmas regras de construção e seja obviamente necessário, como em qualquer outra parte do jornalismo, comportamentos como a checagem das informações e fontes, há uma particularidade da cobertura esportiva que a torna única: a emoção deve-se fazer presente.

O leitor do jornalismo esportivo deseja ver o sentimento que aflorou durante os noventa minutos de partida estampado nas capas dos jornais e revistas no dia seguinte, catalisando para o bem ou para o mal a alegria ou frustração do resultado; glorificando heróis, caçando culpados.

A imprensa esportiva não precisa de ídolos, precisa de personagens - se o pensamento é equivocado ou não cabe discussão - fato é que são as grandes histórias que movimentam as páginas dos diários esportivos.

O personagem do momento é, obviamente, Adriano; e será até o fim do campeonato. Resta saber se com o mesmo status, o de herói, até o fim.

A inconstância e a imponderabilidade - falando em bom "Titês" - do futebol são certamente atrativos que cativam os torcedores. Tivesse o chute de Adriano um outro fim que não o fundo das redes mineiras e estaríamos todos questionando as escolhas do homem responsável diretamente pelas duas últimas vitórias corinthianas: Adenor Tite.


Se o Corinthians vai ou não se segrar campeão em um campeonato tão maluco quanto emocionante é impossível dizer, mas em uma jornada de oito meses onde certamente há muitas histórias a se contar e personagens a e se destacar, Adriano está, sem sombra de dúvidas, entre as mais inesperadas delas.

17 de nov. de 2011

O canto da sereia

A cultura brasileira é rica em lendas folclóricas, porém, para a maioria das pessoas - com exceção as que obviamente apreciam o assunto ou escolhem uma profissão que de alguma maneira o aborde - o contato com essas estórias dá-se na época escolar e com a mesma se encerra.

Entre essas diversas estórias está a lenda da Iara que, de maneira simplista, reza que uma bela sereia de cabelos negros e olhos castanhos que vive nas pedras das encostas dos rios do país costuma atrair os homens com seu irresistível canto, levando-os para o fundo de onde nunca mais voltam, ou, se voltam, acabam enlouquecendo.


A metáfora é válida para ilustrar o atual momento do campeonato brasileiro - e não é minha. Foi usada pelo mestre do comentário esportivo Renato Maurício Prado como alerta para a própria situação que começa a se desenhar no topo da tabela.

RMP usou a expressão do canto da sereia, mais de uma vez, ao ser questionado sobre o papel do Vasco na Copa Sul-americana. O clube que já garantiu vaga na Taça Libertadores do ano que vem com o título da Copa do Brasil, optou por lançar força máxima na competição continental simultaneamente a disputa do campeonato brasileiro confiando na força do seu elenco, conquistou uma vitória tão épica quanto desgastante enquanto seu principal concorrente pelo título nacional assistia do sofá, encarou um clássico - sempre desgastante - logo depois, venceu e depois dessa sequência acaba de perder três pontos que todos davam como certos.

Diego Souza sofre a forte marcação palmeirense e tem atuação apagada

Se o desgaste foi ou não determinante nessa partida específica - e a opinião do blogueiro que vos escreve é que sim - cabe discussão. Mas que o Vasco se deixou levar pelo canto da sereia sul-americana é fato; e agora se vê obrigado a vencer as três partidas que restam, torcer para um tropeço do Corinthians e tudo isso em meio as semi-finais da competição continental contra provavelmente ninguém menos que Universidad de Chile.

Não interpretem esse post como uma apologia ao "descarte de competições" - até porque sou contra e acho perfeitamente possível um clube conquistar tudo que disputa, temos inclusive muitos exemplos no brasil e no mundo - encarem como a realidade do futebol brasileiro, onde o calendário - sempre ele - muitas vezes impõe a necessidade de prioridades e como uma avaliação de erros de estratégia cometidos pelo clube carioca.

O futebol é craque em driblá-la, mas a sabedoria popular as vezes marca presença; "Quem muito quer nada tem" esse com certeza não é e nunca será o lema de um clube vencedor, entretanto, aspirar todos os títulos que disputa é louvável e ficar sem nenhum é, as vezes, o preço que se paga por tão nobre postura.

16 de nov. de 2011

Utopia x Realidade

Se você trabalha em um ambiente administrativo - escritório - ou, independente disso, faz uso da alguma maneira de um calendário, com certeza o faz com o objetivo de organizar sua agenda e suas tarefas diárias. Logo, concluimos que: calendário remete a uma série de benefícios organizacionais para o usuário, para que seus compromissos e atividades não se sobreponham em um mesmo horário e prejudiquem uns aos outros.

Tempo e administração do mesmo. Algo que falta à sociedade moderna. Diferentes interesses nos conduzem a uma série de compromissos que por vezes trazem a sensação de que nosso dia precisaria de 50 horas no mínimo - fora o tempo de sono, claro.

 
Feita essa observação sobre calendário, tempo e administração, chego ao ponto convergente desses três elementos no assunto futebol; a seleção brasileira.

O apito final da partida de ontem entre Brasil(2) e (0)Egito pôs fim também no primeiro ano - na prática - de preparação e renovação da seleção brasileira para a Copa de 2014 sob o comando de Mano Menezes. E como é de praxe, finais de temporadas - e anos - são marcados pelos famosos balanços e retrospectivas, que no caso da seleção brasileira apresenta um aspecto curioso.

Embora tenha enfrentado algumas grandes seleções durante o ano, o principal adversário, que a seleção é obrigada a enfrentar e driblar - muitas vezes sem sucesso - reflete a mesma imagem no espelho e atende pelo nome de CBF.

Granja Comary - Local de concentração da seleção principal e categorias da base da seleção brasileira.
 
O calendário organizado por Ricardo Teixeira e sua trupe parece ter a intenção clara de prejudicar o futebol nacional de forma geral, desfalcando times em meio a campeonatos, o que prejudica não apenas de forma, prática com resultados em campo, mas bilheterias, espetáculo, entretenimento, emoção, ou alguém duvida que não tivesse a seleção tirado Neymar de nada menos que 14 partidas do Santos no brasileiro e o time da baixada estaria brigando pelo título ? - isso para citar apenas o craque, já que o mesmo Santos, que todos apontam como "o time que seria o acima da média do campeonato" perdeu uma série de jogadores para várias categorias de base da seleção. 

O mesmo calendário que obriga o treinador da seleção a convocar ora jogadores "nacionais" ora "extrangeiros" atrasando e prejudicando o cronograma de trabalho na formação de um time, já que não somos capazes de, como todo o resto do mundo, organizar campeonatos que sejam paralisados em compromissos do selecionado nacional.

O problema é crônico e de conhecimento público mas...

CALENDÁRIO 2012:
Pré-temporada: 5/1 a 21/1
Estaduais: 22/1 a 13/5
Libertadores: 25/1 a 4/7
Copa do Brasil: 7/3 a 25/7
Copa do Brasil Feminina: 3/3 a 12/5
Série A: 20/5 a 2/12
Série B: 19/5 a 24/11
Série C: 27/5 a 7/10
Série D: 27/5 a 30/9
Copa Sul-Americana: 8/8 a 12/12

...continuará. Quinze dias para a tão fundamental e primordial pré-temporada para CINCO MESES de, que me desculpem os admiradores, campeonatos estaduais absolutamente INÚTEIS - exceção feita ao espetáculo dos estaduais nordestinos que poderiam tranquilamente continuar como os únicos, já que seus clubes disputam divisões inferiores nos demais campeonatos e possuem um calendário repleto de alternativas e difícilmente sofrem com convocações por exemplo.

Torcida do Santa Cruz - Exemplo de fidelidade das torcidas nordestinas

Os estaduais sobrevivem por seu passado e é justamente em respeito a esse passado tão representativo ao futebol brasileiro que deveriam ser urgentemente revistos quiçá extintos, porque atualmente a única serventia desses campeonatos é gerar crises e derrubar treinadores. Vencer o que não vale nada aos olhos dos torcedores é obrigação, perder é sinônimo de vergonha.

Mas como preencher os meses de estaduais se os mesmo forem eliminados do calendário ? Simples. A pré-temporada seria esticada para o tempo que lhe é devido, o campeonato brasileiro desafogado para que jogadores não sejam forçados a um ritmo absurdo de partidas e o tempo restante poderia ser preenchido de diversas formas como por exemplo as saudosas excursões que os times brasileiros costumavam promover pelo mundo outrora. Sem mencionar que comissões técnicas teriam tempo para trabalhar e treinar, o que acrescentaria muito em qualidade técnica e tática aos jogos.

Santos de Pelé excursionando pela Europa
 
Entretanto, o problema do calendário é inerente aos interesses políticos de um homem que para muitos é tão poderoso quanto a presidente da república e que manipula o futebol brasileiro da maneira que bem entende em busca de poder e de seus objetivos pessoais.

A seleção brasileira se transformou em uma ferramente de prestígio e influência política nas mãos de Ricardo Teixeira, que sonha em ser o substituto de Joseph Blatter no comando da entidade máxima do futebol e para conseguir o apoio necessário para tanto, promove situações absolutamente descabidas como essa...

Imagem do amistoso da seleção brasileira contra o Gabão - gramado em condições absurdas.

... sem se importar em agregar a imagem da seleção com ditadores e dinastias que controlam nações de maneira autoritária e até violenta há décadas.

A seleção não pode simplesmente querer "levar alegria a um povo sofrido" sem se importar com os meios e conexões tácitos a esses "gestos". Há certos papéis que não cabem e não convém a um time de futebol e a nação que o mesmo representa.

Fato é que essa é uma questão que envolve muitos interesses. O futebol é quase uma fachada e a imagem da seleção brasileira é a última preocupação do homem que comanda a nossa confederação.

A contrariedade de desejos e aspirações no futebol é latente. Cobramos profissionalismo mas nos recusamos a aceitar que "futebol virou negócio". Movimenta a paixão de milhões de pessoas, mas movimenta também a economia de maneira muito significativa. Uma quantia inimaginável é gasta todos os anos em publicidade. Centenas de milhões em investimento físico [atletas e infra-estrutura] e inovações tecnológicas em medicina esportiva, entre outras coisas.

Ricardo Teixeira - presidente da Confederação Brasileira de Futebol.

Claro que profissionalismo é bem diferente da politicagem barata e nojenta praticada por Ricardo Teixeira e deve ser o caminho do futebol brasileiro. Inevitável e indispensável. O fato, é que a teoria da "ilha da fantasia" no futebol é uma utopia. Um artifício para que os românticos - como eu - mantenham seu sentimento pelo esporte inalterado.

11 de nov. de 2011

O poder da comunicação

Tenho um professor que costuma dizer que os estudantes de todos os outros cursos sentem inveja de nós - estudantes de comunicação - pois nada acontece sem que "nós" - leia-se comunicação - estejamos presentes.

Como qualquer outro segmento da vida, a comunicação passou por intensas transformações e evoluções, a diferença é que sua origem é tão antiga quanto a do homem.


Desmembrando a comunicação em suas diversas formas e áreas correlatas, que nada mais são do que formas de comunicação derivadas que convergem em uma mesma origem, encontraremos exemplos de quão antiga é essa "habilidade" humana. A comunicação visual, por exemplo, encontra seus primeiros relatos na era primitiva, com representações em cavernas e montanhas. Certa feita, diante destas gravuras, um gênio da pintura do século XIX exprimiu em poucas palavras o sentimento do homem diante de formas tão singulares: 
"Não aprendemos nada com eles" - Pablo Picasso

Avançando um pouco mais na linha do tempo encontraremos a tal da publiciadade, que pode ser encontrada nos tempos dos grandes impérios - gregos, romanos, egípcios - com monumentos grandiosos sendo construídos para remeter às conquistas e feitos de grandes imperadores e reinos - qualquer semelhança com o horário eleitoral gratuito não é mera coincidência.

Fato é que 2010 anos d.C vivemos, mais do que nunca, imersos em todas as formas de comunicação possíveis e de certa forma, nossas vidas são regidas por elas e por vezes decisões que tomamos nada mais são do que um reflexo de sua manipulação influência em nossas vidas e claro, como não poderia deixar de ser, cada decisão que tomamos acarretará consequências, sejam elas boas ou ruins.

Vivemos uma semana história, que acredito, será um divisor de águas no futebol brasileiro. O dia do fico, protagonizado pelo imperador do Brasil 500 anos atrás se repetiu, com uma figura que pode vir a ser tão representativa quanto D. Pedro de Alcântara.


Há duas formas de encararmos a permanência de Neymar no futebol brasileiro - já é até um clichê mas não há outra expressão a ser usada - a romântica e a não romântica. E claro, ambas podem ser analisadas pelo olhos da comunicação.

A romântica é simples: o fico de Neymar representa a valorização e o reposicionamento do futebol brasileiro em seu patamar merecido. Uma mensagem clara aos clubes europeus mas fundamentalmente aos próprios clubes brasileiros que é possível realizar uma disputa de mercado de iguais. Uma mensagem aos jogadores que não é preciso sair do Brasil para se conquistar o status que se sonha.

A não romãntica é óbvia e não adianta se enganar, sempre estará presente: dinheiro. É preciso que se mantenha em mente que futebol é profissão, logo, o meio de subsistência de quem nele ganha a vida.Tomar qualquer decisão em relação ao futuro sempre levará em conta a questão financeira, como qualquer profissional de qualquer área. E nesse aspecto, a comunicação faz-se presente de maneira significativa.


Neymar é hoje o objeto de desejo de qualquer empresa e agência publicitária. Principal garoto propaganda do "país do futebol", que está prestes a receber o maior evento esportivo do mundo e com ele o investimento de todas as grandes marcas do planeta que desejam ter suas imagens agregadas a tal evento. A pequena fatia desse bolo que certamente irá para o bolso do craque santista é imensamente mais vantajosa do que um contrato no futebol do exterior com a Europa prestes a quebrar.

Em suma, a permanência de Neymar significa o crescimento de uma nação, a evolução administrativa de clubes que primam pelo amadorismo e acima de tudo a certeza de que não é preciso atravessar as fronteiras para se ter o reconhecimento devido.


Neymar veio ao mundo para fazer história e mudar os rumos do futebol brasileiro, e tudo isso com uma lição a cada entrevista: a de que é fundamental e imprescindível amar e ser feliz com o que faz. Portanto se você tem alguma dúvida em relação ao seu futuro, lembre-se da mensagem do garoto que certamente terá um brilhante pela frente.

8 de nov. de 2011

Falta ! [?]


Falta [!] um grande time no campeonato brasileiro. Justificativa encontrada pelos adeptos da teoria de que "o campeonato é nivelado por baixo", para explicar o equilíbrio - quase esquizofrênico, se é que algo esquizofrênico pode ser equilibrado mas enfim[...] - dessa edição da maior competição do país.

O que Falta [!] mesmo são os times corresponderem em campo suas escalações no papel - essa aliás é mais uma das teorias que tentam explicar o inexplicável: "times de papel". Falta [!] é coerência em um esporte incoerente onde os mesmos times, que diferentemente de outras épocas contam com os principais jogadores do país em seus elencos, alternam jogos memoráveis e outros sofríveis tornando a tabela uma gangorra absolutamente imprevisível.

Falta [!] é nexo quando os times que disputam o campeonato mais equilibrado do mundo saem para disputar uma competição sul-americana de segundo porte e tomam um baile de times teoricamente inferiores - na verdade acho que Falta [!] é a gente aprender de uma vez por todas que teoria não se aplica no futebol.

Falta [!] é aprendermos que muitas vezes não adianta tentarmos explicar, simplesmente não há explicações. E talves a Falta [!] de explicações seja o principal alicerce do amor dos torcedores ao esporte bretão.

Começo a desconfiar que na verdade Falta [!] é conhecimento, discernimento e compreensão; e que os especialistas de futebol na verdade são especialistas "coisa nenhuma"; ou seria "de coisa nenhuma" ? Taí, Falta [!] resposta para essa pergunta também.

4 de nov. de 2011

"Feitos para serem quebrados"

Assumir o status de "mito" no mundo esportivo já foi tarefa mais árdua, atualmente, qualquer sequência de bons resultados e alguns poucos títulos fazem o atleta trilhar o caminho revelação-ídolo-mito em um curtíssimo espaço de tempo.


Procurando a definição exata do termo você encontrará algo como: narrativa que visa explicar as origens do mundo e do homem por meio de deuses e semi-deuses. Porém, no uso cotidiano, a expressão é muitas vezes usada de forma pejorativa para se referir à crenças comuns - sem embasamento científico - e no futebol, o que não faltam são crenças e superstições que alimentam o imaginário formando a cultura do esporte nos quatro cantos do país.


Há algum tempo atrás, escrevi sobre a banalização das expressões no futebol - em especial a "zebra" - por isso não vou cair na contradição aqui de banalizar o "mito" - até porque não o considero, ainda, como tal. Mito, ao meu ver, são atletas como Ayrton Senna, por tudo que fez, mas acima disso, pelo o que representava à todos; Michael Jordan, um atleta que marcou época e revolucionou a maneira de se ver e praticar o esporte - porém, apesar de não se encaixar no status, Neymar já se revelou um demolidor de mitos, no sentido pejorativo do termo.


Um a um os mitos que habitam o futebol brasileiro de maneira tão enraizada estão caindo por terra diante da surpreendente postura do jovem postulante a futuro "mito".

O mito de que "ninguém mais joga por prazer" - Neymar joga bola até nas férias, sozinho já jogou mais partidas do que muitos clubes na temporada e mesmo diante de uma maratona exaustante, se recusa a ficar de fora de uma partida sequer. Se isso não é prazer pelo o que faz é o quê ? masoquismo ?

O mito de que "ninguém quer ficar no Brasil" - Propostas milionárias não faltaram, onde está Neymar ?

O mito de que "não se joga por amor a camisa"  - Você imagina Neymar em outro time brasileiro ? Aos que argumentarão que ganhando o que ele ganha é fácil amar o clube, o garoto ganha o que ganha por mérito próprio, reconhecimento de um trabalho bem feito - estou expondo o fato, não defendendo que o valor é justo - muitos que ganham tanto ou mais dinheiro por aí viram as costas aos clubes sem pensar duas vezes na primeira proposta vantajosa.

O mito de "modelo jogador" - Neymar vende. Demonstra a mesma habilidade e carisma dos campos na publicidade, algo que poucos esportistas, de forma geral, são capazes de fazer.


O mito de que "para ser o melhor do mundo, precisa-se jogar na Europa" - O garoto ainda não venceu, e difícilmente irá, mas está entre os vinte e três selecionados pela FIFA para o prêmio de Bola de Ouro e convenhamos, entre os vinte e três está seguramente entre os dez melhores. As vésperas de uma Copa do Mundo no Brasil, alguém duvida de que com um eventual título brasileiro, arrebentando na Copa, mesmo que ainda esteja no Santos, o garoto leve o título de melhor do mundo ?

Capa de um dos mais famosos simuladores de futebol com a camisa de um time brasileiro ao lado de ninguém menos que Cristiano Ronaldo - Neymar fazendo história em todas as "modalidades" de futebol.

 O garoto que é um fenômeno, técnico e fisiológico - mas isso é assunto para outro post - está reposicionando a expressão "mito" no vocabulário futebolístico, ela agora faz companhia a expressão "tabu" na seção "feitos para serem quebrados".