"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

30 de jan. de 2014

Mulecada, versão 2014

Mulecada do Santos põe Corinthians na roda e goleia na Vila Belmiro
5x1 em um clássico desse porte não é exatamente um resultado comum, muito mais em começo de temporada, mas, pelas circunstâncias, também está longe de ser surpreendente, atípico, está de bom tamanho - Seria surpreendente se fosse o Corinthians de Tite levando cinco gols.

Mas, surpreendente mesmo é a incrível capacidade da Vila Belmiro em revelar talentos. Começo a desconfiar que não há categorias de base na Vila, e sim uma maternidade com meninos feitos em laboratório.

Não sei se é a água, a comida, o gramado, o ar, a brisa do mar, iemanjá, ou sei lá o quê. Eles simplesmente parecem brotar nos campos de jogo, vestiários, concentração santista. Vende-se um Neymar, nasce mais um montão, na maior disposição. É quase um ciclo vicioso, e nos últimos anos, nem período de entressafra há mais. É tanta revelação que já estão até escoando a produção - leia-se Neílton.

Como diria o povão – e como eles devem estar dizendo no vestiário – “os muleque deitaram” no Corinthians. Futebol de muleque, na melhor essência da palavra.

Não cabem comparações ainda, óbvio, mas a impressão que se teve essa noite é que uma nova geração, daquelas que fazem todas as torcidas pararem para apreciar – exatamente essa a palavra, apreciar – um bom futebol, está surgindo.

Que assim seja, o futebol agradece!

27 de jan. de 2014

Tudo como dantes...

Desalento. Se há alguma palavra para definir o sentimento da torcida são paulina nesse início de 2013, digo, 2014 – 14? – é essa.

A impressão que se tem é que todo mundo se vestiu de branco, pulou as sete ondas, comeu lentilha, fez promessa, menos o time do São Paulo. Esse ainda está em 2013, com os milhares de defeitos, e pouquíssimas virtudes, que acompanharam a equipe durante todo o ano passado.

Até o enredo da partida dessa tarde foi igual. Muita posse de bola, pouca – pra não dizer nenhuma – criação, nenhuma – dessa vez nenhuma mesmo – marcação no meio de campo e segurança zero na defesa. Fosse o Oeste um time pouco mais qualificado e a história seria diferente, aliás, tivesse o jogo mais dez minutos e talvez a história já seria outra, porque até o sufoco final, que testava o coração dos são paulinos em 2013, continua presente esse ano – e as semelhanças não param por aí...


Luis Fabiano desperdiçou outro pênalti na partida contra o Oeste

De diferente mesmo só a eficácia nas contratações. Poucas e certeiras. Luiz Ricardo é o dono da lateral direita, em parte por apresentar um bom futebol, mais sólido e seguro do que seus concorrentes diretos pela posição – Douglas e Paulo Miranda – em parte porque seus concorrentes diretos pela posição são Douglas e Paulo Miranda.

O uruguaio Álvaro Pereira honrou a tradição celeste-tricolor, em pouco mais de uma hora de jogo foi mais à linha de fundo do que Reinaldo em toda a temporada passada, deu duas assistências e está anos luz à frente do brasileiro no quesito marcação. Camisa 6 está entregue.

O manual de clichês do futebol diz que três jogos – com uma pré-temporada ridícula como a nossa – é cedo para analisar mais a fundo o que quer que seja. O adendo é que esse clichê serve para quem começa um novo trabalho, ou ao menos promove mudanças em busca de melhores resultados. O São Paulo continua em 2013, alguém precisa ir até lá,  avisar que 2014 já começou, e a bola pune quem se atrasa pro rolê!

Ah, acredite, o São Paulo venceu(2x1), e se você gosta de clichê, aqui vai mais um: venceu, mas não convenceu.