"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

18 de fev. de 2013

Lógica; Futebol; Inovação; Corinthians; Palmeiras...

Lógica e futebol não têm lá um relacionamento muito afetuoso. Uma tenta se impor, o outro insiste em contrariar, e ambos têm suas vantagens e desvatangens.

Se você tem o melhor time, a lógica te diz, por motivos óbvios, que você tem mais chances de ganhar. O futebol te diz que se você quiser ganhar, terá que fazer por merecer. Nome não ganha jogo. Se você tem um padrão de jogo definido e jogadores que se conhecem, a lógica diz que você tem mais chances de ganhar. O futebol te obriga a colocar a teoria em prática a cada novo jogo. Papel, campo... Se seu time conquistou tudo que era possível, a lógica te diz que ele é o melhor, o "time a ser batido". O futebol insiste em tratá-lo apenas como "mais um", que será abatido ao menor descuido.

As principais vantagens de ser o número 1 são sem dúvida as conquistas. Status. Reconhecimento. Soberania diante dos adversários. Respeito. Temor. Vantagens que são imediatamente combatidas pela principal desvantagem: estar em evidência - prego que se destaca é martelado.

O número 1 tem sempre a obrigação de se reinventar. Inovar. A velha história: a parte mais difícil não é chegar ao topo, mas se manter. Teoria conhecida por todos. Experiência vivida apenas por aqueles que conquistam algo.

O Corinthians chegou, está lá. Sabe bem o caminho que trilhou e o que fez para alcançar o tão sonhado topo. O problema é que todos aqueles que almejam seu lugar também sabem e começam a criar antídotos para combatê-lo. Em um mundo competitivo como o do futebol, reinventar-se é imperativo, para aqueles que desejam voltar, e para aqueles que não desejam sair de onde estão.

13 de fev. de 2013

ATENÇÃO!

Analisar o trabalho de um treinador depois de uma partida não faz o menor sentido. Não faria, se o treinador em questão não fosse Luiz Felipe Scolari.

Fazem dez anos, o futebol mudou. A realidade é outra. É um novo trabalho. Remeter ao passado de fato soa um tanto incoerente, ou soaria, se esse passado não fosse exatamente o motivo da existência do trabalho atual.

Felipão voltou ao comando da seleção por tudo que representa, não por seus trabalhos recentes. Voltou para resgatar uma identidade que havia se perdido e acima de tudo o respeito alheio pela camisa cinco vezes campeã mundial que se perdeu na mão de um "desconhecido".

Fazem dez anos, o futebol mudou. A realidade é outra. Adaptar-se é imperativo. A lista de convocados anunciava que a adaptação aconteceria. Dante e Miranda são a prova de que Felipão está atento a tudo que acontece no futebol. Dante é o melhor zagueiro da Bundesliga ao lado de Mark Hummels do Borussia Dortmund e Miranda vive a melhor fase da carreira no vice-líder da liga das estrelas, Atlético de Madrid. Ramires, Paulinho, Arouca e Hernânes, quatro volantes que saem para o jogo com uma qualidade acima da média, a prova de que Felipão não pretendia armar um ferrolho para golear por 1x0. Uma lista que prima pela qualidade técnica, dos atacantes aos defensores, a prova de que Felipão estava em 2013, e não em 2002.

Mas assim como seu antecessor, Mano Menezes, Felipão não conseguiu praticar a teoria. O papel não entrou em campo. Culpa do treinador, até a página três, claro. Teoria repetida. Problemas repetidos. E Felipão já acena repetir os mesmos erros da antiga administração: mudar a teoria na primeira tentativa fracassada.

O treinador prometeu rever a situação de Ramires e Paulinho, porque ambos os volantes saem para o jogo e se apresentam ao ataque. A ideia é sacar um dos dois, avançar o zagueiro David Luis para jogar de cabeça de área a frente da zaga que seria formada por Thiago Silva e Dante - como Edmílson na seleção de 2002 - Em poucas palavras: um cão de guarda no meio campo para dar liberdade ao outro volante para ir a frente. Porque aparentemente não é possível jogar com dois volantes que não estão em campo apenas para destruir as jogadas, mas que constroem situações de ataque e têm muita qualidade no passe.

Essa é a posição do atual treinador da seleção brasileira, e talvez seja a contra prova de que ele não está tão atento assim ao que ocorre no mundo do futebol, afinal, um certo time azul grená provou recentemente que o futebol é feito com construtores, da defesa ao ataque.