"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

21 de jan. de 2012

Profissionalismo dispensável

Em todo recesso do calendário, onde as principais notícias são as movimentações de mercado, paro para refletir como alguns valores estão se perdendo - se já não estão extintos - em meio ao dinheiro e aos interesses que passaram a vigorar no mundo do futebol.

Parece que a falta de identidade é o preço a ser pago pelo chamado "profissionalismo" no esporte. Profissão e vantagens regem contratos e quebras do mesmo sem a menor cerimônia se assim for vantajoso para todos os lados. Esquece-se e relembra-se sem o menor pudor a trajetória desse ou daquele jogador com determinada camisa. Ídolos passam a ser repudiados e voltam a cair nas graças da torcida em um curtíssimo espaço de tempo.

O profissionalismo necessário no futebol é aquele que aperfeiçoa determinadas áreas que precisam de melhorias. Aquele que acaba com o amadorismo e qualifica profissionais com os perfis corretos para melhorar a gestão esportiva das instituições.

Porém, dispensa-se o "profissionalismo" que visa apenas interesses próprios e financeiros, ainda que todos - leia-se jogador, clubes e empresários -  sejam beneficiados em uma negociação. Vestir a camisa de um clube significa muito mais do que o cumprimento de um contrato de trabalho, significa representar o sentimento de milhões, para muitos o sentido de uma vida.

Identidade. Paridade absoluta entre torcida e time, fundamental quando se trata de algo tão importante na vida de alguém. E se a falta dessa identidade é o preço a se pagar pelo "profissionalismo", precisamos rever as prioridades.

13 de jan. de 2012

Mais próximos da extinção

Época chata para se falar de futebol em solo brasileiro. Salve a "copinha" - que aliás está bem esquisita diga-se. Time que ganha de 10x0 eliminado na primeira fase de mãos dadas com o atual campeão, mas enfim...nome disso é futebol - tudo que se vê nos noticiários são números e entraves contratuais que impedem esse ou aquele jogador de se transferir para esse ou aquele clube. Uma chatice burocrática, necessária, mas cansativa.

Entretando, em meio a correria dos bastidores, um fato importante e muito relevante ao futebol brasileiro foi anunciado: a aposentadoria "precoce" de um ícone do futebol nacional, Marcos.

Coletiva de despedida

É comum ouvirmos no dia a dia do futebol o nome de Marcos ser citado como sinônimo de "amor a camisa". Considerado como um dos últimos torcedores-jogadores do futebol mundial, a aposentadoria do "São Marcos" significa um passo adiante em direção a extinção de um sentimento cada vez mais raro no esporte: comprometimento real com a instituição que se defende. Não apenas profissionalmente, mas de alma e coração.

Marcos é um dos maiores ídolos da história do clube que ironicamente construiu sua carreira em tempos de "vacas magras" e crises sem fim, criadas quase que em sua totalidade "de dentro para fora", e sofreu mais do que ninguém por conta disso.

Marcos não foi goleiro do Palmeiras, foi um torcedor que possuiu uma posição privilegiada: a de poder entrar em campo e ajudar seu clube de coração. E por conta desse privilégio, foi personagem principal de uma cena antológica...


Amou e viveu tudo que envolve esse sentimento. Sorriu, sofreu e por vezes enfiou os pés pelas mãos guiado por uma emoção irracional. Amou.

Marcos é exemplo. É homem. É caráter. É comprometimento. Felizes os palmeirenses que puderam por anos a fio vestir suas camisas para torcer por alguém que compartilha exatamente o mesmo sentimento que eles.

4 de jan. de 2012

2012 começa hoje

Férias. Fundamental. Primordial. Essencial. Se desligar até mesmo dos maiores prazeres as vezes é importante. Limpar a mente, se reciclar, tempo para rever seus conceitos, e quando trata-se de um assunto tão dinâmico quanto futebol, esse tempo pode agregar novas visões e perspectivas animadoras.

Como nosso magnífico calendário continua o mesmo, o ano começa exatamente da mesma forma: especulações, novelas, disputas por reforços, clube comprando de baciada, outros buscando contratações cirúrgicas e todos passando - tentando - a impressão do tal planejamento - que certamente irá por água abaixo na primeira sequência de derrotas.

Contudo, nem tudo são bastidores nesse início de ano. Começa hoje o maior e mais importante - sim o mais importante embora tratado com absoluto descaso - campeonato de futebol do Brasil: A Copa São Paulo de Futebol Júnior. O futuro. O único campeonato onde ganhar o título não é uma prioridade.

Revelar talentos e jovens valores, implantar filosofias nas categorias de base que agreguem qualidade e transformem a forma de se praticar futebol em uma instituição, trabalhar a parte mais importante do clube: a infraestrutura.

Início de novo ano, época de rever os planos e definir prioridades. Que o futebol brasileiro passe a tratar a Copa São Paulo com a importância que lhe é devida, caso contrário, ela continuará a ser exatamente o que é: um banquete para empresários ávidos por dinheiro.