"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

16 de dez. de 2012

Protagonismo inédito

Desde que o Mundial de Clubes passou a ser disputado no formato atual, presença brasileira na decisão não é novidade, a novidade foi a presença brasileira em campo.

Em 2005 o São Paulo chegou a final como azarão diante de um Liverpool que não tomava um gol sequer há mais de dez jogos. Sagrou-se tri-campeão. Em 2006, o Internacional de Porto Alegre chegou ao Japão com a missão de vencer um Barcelona que contava com uma constelação e um astro endiabrado, Ronaldinho Gaúcho. Título colorado. Em 2011 o maior astro do futebol brasileiro embarcou para o outro lado do mundo para enfrentar um time de outro mundo. O Santos de Neymar não conseguiu parar o imparável Barcelona de Messi e cia, mas naquele momento, time nenhuma da história conseguiria.

Eis a diferença das demais finais para a de hoje: os demais entraram em campo como azarão, e surpreenderam o mundo, o Corinthians entrou em campo para jogar de igual para igual contra o campeão europeu, e é bom que se diga, o time brasileiro, tirando a folha salarial, não deve em nada ao time inglês.

O jogo teve vários momentos, como é natural em uma partida de futebol, e na soma deles, o Corinthians venceu porque foi melhor, e não porque uma bola esporádica entrou no gol adversário. Eis a diferença. Portanto, dessa vez não há surpresa no fato de o campeão mundial de clubes ser sul-americano, venceu no Japão, o melhor time que desembarcou por lá. A surpresa esse ano, ficou por conta das arquibancadas. 

E o futebol não se cansa de ser irônico, o time que antes era contestado por ser campeão mundial sem atravessar o mundo, agora é o único que conquistou o planeta dos dois lados do Atlântico.

14 de dez. de 2012

A pizza está servida

A verdade, é que a verdade não interessa a ninguém - antes de prosseguir uma ressalva: o título do São Paulo é incontestável. Sobrou em toda a competição e se tem algum beneficiado com os 45 minutos não jogados da final, foram os derrotados, que escaparam de uma goleada. Dito isso - Não interessa ao São Paulo o risco de descobrir que seus seguranças foram os pivôs da confusão. Não interessa ao Tigre pedir a anulação da partida, simplesmente porque podem haver 30 finais, eles não vão ver a bola. Apenas o fato de não serem punidos já é um prêmio. Não interessa aos anfitriões da próxima Copa desfazer o pensamento tendencioso e xenofóbico de que a culpa foram dos hermanos perante o resto do mundo. Não interessa aos argentinos, leia-se imprensa, que já formaram coro com as "vítimas", uma investigação mais profunda da CONMEBOL que certamente descobriria que as vítimas, de vítimas não têm nada. À CONMEBOL, bom, apurar e punir não são palavras conhecidas de Nicolás Leoz e cia.

A todos interessa apenas uma fatia da pizza. A especialidade da entidade que comanda o futebol sul-americano. Todos se acusam, mas todos vão sentar à mesa juntos. -Bon appétit.


12 de dez. de 2012

Muito prazer, CORINTHIANS

Brasil, Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 1976, domingo, 17H00. 147 mil pessoas lotam o Estádio Mário Filho, popular Maracanã, para acompanhar o jogo único da semi-final do Campeonato Brasileiro daquele ano entre Corinthians e Fluminense. O que ninguém sabia até então, é que esse dia ficaria marcado para sempre na história do futebol brasileiro não pelo resultado em campo, mas pelo o que se viu nas arquibancadas. 70 mil corintianos protagonizaram o que ficou conhecido como a "invasão corintiana" ao maior estádio do mundo.

Japão, Toyota, 12 de dezembro de 2012, quarta-feira, 19H30 (horário local). 15 mil corintianos escrevem um novo capítulo da história do futebol brasileiro. Guardadas as devidas proporções, a segunda "invasão corintiana" cruzou fronteiras muito maiores que as estaduais. Continentes e oceanos ficaram pequenos para o tamanho da paixão de uma torcida que esperou mais de cem anos por esse dia.

Assim como na primeira invasão, o time saiu de campo com a vitória. Diante desse cenário, obviedade prevista. Como também é óbvio a data da terceira "invasão corintiana". Domingo, 16 de dezembro de 2012, 20H30, Yokkohama, Japão. Talvez, a obviedade do resultado seja contrariada no terceiro capítulo dessa história, mas pouco importa, porque o Corinthians não precisa mais do título para se apresentar ao mundo, hoje, todos sabem o que move o clube que está na final do mundial da FIFA de 2012. A essência não se perdeu, e jamais irá, mas o fato é que a favela, virou elite.