"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

29 de mai. de 2011

Eu vi Barcelona

Se tem algo que me chateia é aquela sensação de que "o tempo voa quando nos divertimos". Jogos como de hoje entre Manchester United e Barcelona deveriam durar pelo menos umas quatro ou cinco horas - que me perdoem os jogadores.

O time inglês é fantástico. Comandado por um homem que conhece o futebol como poucos no mundo, formado por um grupo de jogadores que é sem dúvida o melhor plantel do planeta. Por tudo isso, chegou no máximo que se pode chegar - atualmente - jogando um campeonato que conta com a participação do Barcelona.


Esse "time" - entre aspas porque é apenas um termo simplório usado por um terráqueo - eu - para definir mencionar esse grupo de seres de outro planeta - é um dos maiores times da história do futebol ponto final
E não me venham os complexados em "viralatice" , bairristas, nacionalistas ou qualquer outro "ista" com síndorme de saudosismo, com conversa da carochinha de Pelé, Zico, Brasil, Flamengo, Santos e blá blá blá. Posso não ter acompanhado todos esses times ao vivo por conta da idade, mas me considero um estudioso do futebol, tenho muitos jogos e documentários de todos eles no meu arquivo pessoal. Não estou desmerecendo nem tirando o lugar de ninguém na história, estou apenas afirmando com a mais absoluta convicção de que esse Barcelona tem seu lugar ao lado desses grandes esquadrões. É sobre esse time que flerta de maneira tão próxima com a perfeição que falarei aos meu filhos e netos.

É surreal. Não há mais o que fazer, para onde correr ou à quem gritar socorro. O Barcelona passou por cima - como se fosse nada - da última linha de resistência inimiga, considerada pela grande maioria - eu inclusive - a mais forte e capaz de evitar que o clube catalão marcasse época, o Manchester United.

Só nos resta reverenciar e agradecer pela oportunidade de ver esse time em ação; um time que nos remete ao romantismo do futebol arte de outrora merece que esse post termine com o maior clichê romântico de todos os tempos; QUE SEJA ETERNO ENQUANTO DURE.

26 de mai. de 2011

VRRRRUUUUUUUMMMMMM...


O trem bala "passou passando" pela ressacada, e não quis saber de receber novos passageiros.
[Perdoem a onomatopeia que mais parece um carro, se alguém conhecer uma melhor para trens - bala - deixe nos comentários por favor]

Aplique qualquer expressão boleira que você conhece; "sobrou", "passeou", "nadou de braçadas", enfim, fique à vontade, todas descrevem exatamente o que foi o jogo.

Uma partida absolutamente brilhante do Vasco da Gama - como há tempos não se via - em um jogo com todas as dificuldades de uma grande decisão; fora de casa, contra um adversário dificílimo de ser batido em seus domínios e uma torcida que costuma fazer a diferença.

Um gol com menos de cinco minutos de partida muda a história de qualquer confronto - muito mais sendo um gol contra. Destroi a estratégia de jogo pensada ao longo de uma semana inteira de trabalho, põe a prova aspectos do time que vão muito além de qualidade técnica e esquemas táticos, como personalidade e controle emocional; e em uma noite em que nem mesmo a torcida soube se recuperar do "banho de água fria", o Avaí viu a chance de fazer história embarcar em um trem bala e desaparecer à 1000 Km/h.

Apenas pelo jogo de hoje já cravo com toda certeza; esse já é o melhor trabalho de Ricardo Gomes como treinador de futebol. E também uma imensurável surpresa.

 
Depois de trabalhos irregulares na França e uma passagem que não deixou saudades no São Paulo, Ricardo Gomes assumiu um Vasco aos pedaços em meio a uma campanha vergonhosa no campeonato estadual. Algumas semanas de trabalho, reforços e uma pitada de sorte depois, e o Vasco é o time grande a mais tempo sem perder no Brasil e vai decidir o torneio nacinal mais importante do primeiro semestre, que permite ao vencedor "encostar o burro na sombra" pelo resto do ano e se preparar para a Libertadores do ano seguinte.

Explico: trabalho porque o vasco não era um time, era um bando de gente correndo atrás de uma bola e passando vergonha em rede nacional. Ricardo Gomes deu um padrão de jogo, organizou e transformou o Vasco acima de tudo em um time consciente ao mesmo tempo de suas limitações e de duas maiores virtudes.

Reforços porque são exatamente eles que vêm fazendo a diferença. Diego Souza[melhor em campo hoje], Bernardo, Alecsandro e Eduardo Costa.

Sorte porque contratar não significa necessáriamente melhora, é preciso saber contratar para suprir as necessidades do time de maneira eficiente e também é preciso que os reforços se adaptem bem não apenas ao time, mas a cidade, ao grupo de trabalho de uma forma geral [comissão técnica e treinador] e por mais que se estude as contratações minuciosamente, um pouco de sorte para que tudo isso aconteça é fundamental; vide o histórico recente de contratações do Fluminense, que parecia ter feito contratações cirúrgicas, mas que acabaram sendo frustrantes.

O Avaí recebeu o Vasco a um 0x0 de fazer história, além de chegar pela primeira vez na final, seria o terceiro "grande", seguido, a cair na ressacada - o DVD estava ficando lindo. Mas esqueceram de avisar o Vasco.

Diego Souza puxa o trem bala em noite de gala na ressacada

O time de São Januário jogou demais. Cadenciou a partida quando precisou, imprimiu uma velocidade incrível nos momentos certos, em uma combinação perfeita de jogo coletivo e individual. Coletivo pelo bom posicionamento do sistema defensivo e pelo futebol envolvente nas tramas ofensivas e individual pelos confrontos homem x homem. 10x0 para os vascaínos [só não foi 11 porque Renan[foto] - belíssimo goleiro - roubou a cena mais uma vez]
 


O Avaí se perdeu na própra ansiedade, saiu atrás no marcador novamente, mas não teve a "sorte" de "achar" um gol no minuto seguinte como fez diante do São Paulo. O relógio corria e a precipitação ia minando as jogadas ofensivas do time da casa que, ao lado de sua torcida, parecia não acreditar no futebol apresentado pelo time carioca.

Marquinhos não entrou em campo, William tampouco, coube à Julinho tentar desequilibrar, como havia feito em São Januário, sem sucesso desta vez.

Ao Avaí fica a sensação de que não chegou onde poderia, ao Vasco, de que chegou onde ninguém achava que chegaria.

O trem bala segue viagem. Próxima, e última, parada: Couto Pereira.


Só para constar...

Dedé = zagueiro de seleção

Como joga bola esse Dedé !

23 de mai. de 2011

B-R-A-S-I-L-E-I-R-O [com todas as letras]

Enfim, começou o Campeonato Brasileiro. Um senhor que completa, com essa nomenclatura, 40 anos de vida em 2011, sendo a 9° edição no sistema de pontos corridos.

Sempre que se debate a fórmula do campeonato, o principal argumento dos que defendem os pontos corridos é de que tal fórmula premia o time mais regular, logo, é mais justa, já que no sistema anterior o time que liderava o campeoanto inteiro poderia ser eliminado perdendo uma única partida. Isso é fato.

[Antes de mais nada, quero adiantar que este escriba compartilha de tal opinião. Sou, ou era, defensor dos pontos corridos e não concordo com os que dizem que  "faltam os jogos decisivos". Gostaria de saber onde estes estão em meados de novembro e dezembro]

Porém, quem acompanha um esporte dinâmico como o futebol tem que estar sempre disposto a rever suas opiniões, não é vergonha nenhuma mudá-las diante de novos argumentos se for o caso - embora ainda não tenha definido se é o caso.

 
O argumento em questão é uma entrevista - sempre ótimas de serem acompanhadas diga-se - do goleiro Marcos do Palmeiras. De forma sucinta; em certo ponto da enrevista, Marcão - só para os íntimos - disse não considerar a fórmula de pontos corridos a mais justa, por ser praticamente impossível que se tenha uma "zebra" levantando o caneco. Fato.

Times de menos expressão e poderio econômico para questões de elenco, estrutura e logística tem praticamente 0% de chances de conquistar um campeonato longo como o Brasileirão em um país do tamanho do Brasil, diferente por exemplo da Copa do Brasil, onde o charme e os atrativos estão exatamente nas "supresas" que fatalmente acontecem.

Há tempos que observamos a diferença financeira entre os clubes da elite do futebol brasileiro e os demais aumentar. As negociações individuais das cotas de transmissão, embora vantajosa para todos - e poderia ter sido ainda mais - aprofundou tal diferença. E não se engane torcedor, porque só quem perde somos nós. Enquanto seu clube usa o dinheiro das cotas para contratar aquele craque que você tanto sonha, o campeonato vai perdendo força, até chegar ao que vemos hoje na Europa; ligas nacionais divididas. Como na Espanha, onde Barcelona e Real Madrid disputam um campeonato à parte e os outro apenas "assistem".

 
Em suma, os pontos corridos premiam - de forma justa - a regularidade, a competência e o elenco bem planejado. A questão é que - injustamente - nem todos usufruem das mesmas condições para preencher tais requisitos e erguer a taça no fim do ano.

Justo ou injusto, é definitivamente um campeonato bem brasileiro; marcado pela desigualdade.

21 de mai. de 2011

Pitacos...

...na lista...

Não pretendia, mas atendendo a pedidos vou dar meus pitacos na lista de convocados pelo técnico Mano Menezes e também no Brasileirão que, graças ao bom Deus, vai começar.

Acompanhei a convocação do treinador da seleção brasileira ao vivo e o que mais me chamou atenção - nem sei porque já que é rotina - foi a entrevista coletiva. Mano tem absoluta consciência de seus deveres e da influência que seu cargo pode exercer em determinados assuntos, como quando questionado se Leandro Damião se assemelha a Ronaldo, além de ter sido um gentleman; taí o motivo porque ainda me espanto, qualquer um que acompanhou os últimos quatro anos da seleção pré-Mano se espanta.

Em relação a lista, bom, tenho lá minhas discordâncias, mas é uma lista absolutamente condizente com o trabalho que vem sendo feito até aqui, por essa razão não questiono nenhum nome. Ressalto apenas o goleiro Fábio; até que enfim !

...e na tabela.

Depois de cinco longos meses, teremos futebol de verdade em território nacional. Não se engane, não me esqueci - gosto muito aliás - da Copa do Brasil e da Libertadores, é apenas uma forma de enfatizar o quanto os estaduais me aborrecem.

Qualquer prognóstico sobre o Campeonato Brasileiro, moradia constante do imponderável, agora é puro "achismo". Além do equilibrio natural dos 20 clubes - o que você não encontra em nenhuma outra liga do mundo, talvez na francesa, ainda assim não entre todos os clubes - há muitas variantes. Serão testados aspectos dos clubes que até o momento não fizeram grande diferença, como planejamento [alguém já viu no futebol brasileiro ? Bom, mas enfim...], elenco, regularidade, entre outras milhões de condições exclusivamente nossas, como o adorável calendário, que costumam promover reviravoltas na tabela de classificação.

Considerenado tudo isso, meu "achômetro" aponta para a seguinte direção:

Favoritos ao título: Internacional e Cruzeiro [Curiosamente, o Santos entra nessa categoria se fracassar na Libertadores, caso vença o torneio continental está fora da briga pelo título nacional]

Vagas na Libertadores: Flamengo, Fluminense, São Paulo, Corinthians, Grêmio e Atlético MG [Não canso de quebrar a cara com o Galo, Dorival Jr. é a minha esperança].

Acredito em uma boa campanha de Coritiba, Ceará, Vasco e Avaí, mas não acredito que possam almejar mais do que uma vaga na Copa Sul-americana.

Ao demais só uma coisa a dizer; "hora de ir às compras". Aliás, já passou da hora.

19 de mai. de 2011

As facetas curiosas do futebol


O futebol é realmente recheado de paradoxos. Um esporte coletivo onde o time com mais volume de jogo e presença ofensiva nem sempre vence ou cria as melhores oportunidades. O duelo da "terceira idade " desta quarta-feira - ótimo jogo diga-se - retrata bem esse situação inusitada, digamos assim.

O Ceará dominou as ações, teve muito mais presença ofensiva - não tenho os números oficiais mas deve ter tido muito mais posse de bola - e ainda assim Fernando Henrique[foto] trabalhou muito mais - garantiu o placar inclusive - do que Edson Bastos.


Pode-se traduzir o duelo como velocidade x cadência, mas curiosmente as desvantagens de ambas as propostas prevaleceram, muito por conta do baixo rendimento de peças importantes das duas equipes, Thiago Humberto pelo Ceará e Davi pelo Coritiba, como também pela qualidade do jogo adversário.

O vovô, cearense, por jogar em casa e precisar fazer o resultado tinha maior volume de jogo, trabalhava bem pelos lados do campo, principalmente pela direita com o apoio constante de Diego Macedo, mas a cadência exagerada dava ao Coritiba tempo para recompor seu setor defensivo forçando o Ceará a buscar sempre o jogo aéreo, que embora seja uma qualidade do time, foi pouco eficiente esta noite.

Do outro lado, o Coritiba pensava apenas em imprimir velocidade nos contra golpes e se esquecia de suas maiores virtudes, o jogo coletivo e o toque de bola refinado, que os mais entusiasmados chegam a comparar ao Barcelona - menos minha gente, bem menos - . Ao abrir mão de suas características, o time paranaense abriu mão também da posse de bola, e sem a bola não se ganha jogo.

Mas engana-se quem pensa que as curiosidades acabaram. Curiosamente - perdoem a repetição - o jogo começou a dar mais certo para ambos os times quando ambos os técnicos inverteram suas propostas de jogo.


Vagner Mancini substituiu Iarley e Thiago Humberto por Oswaldo e Marcelo Nicácio[foto], o time ganhou em velocidade, passou a atacar de forma mais aguda e cresceu na partida. Porém, quem lança seu time ao ataque fatalmente deixará espaços na retaguarda e correrá riscos. Marcelo Oliveira percebendo a situação sacou Davi, um velocista que carrega o time ao ataque, e mandou à campo Tcheco, que segura bem a bola, preenche o meio de campo e da profundidade ao time, em outras palavras; faz a bola correr.

A partir daí o jogo melhorou ainda mais, os dois times buscaram o gol, que curiosamente não saiu.
Aí fica a pergunta: melhor para o vovô cearense que empatou sem levar gols em casa, ou para o vovô paranaense, que agora decide a vaga diante de sua torcida ?

Em suma, Ceará e Coritiba conseguiram fazer um grande jogo com um o pior placar existente no futebol. Curioso, não ?!

Ah sim, não podemos esquecer de mencionar, na partida de hoje ambos os técnicos acertaram em suas ações, assim como o árbitro Leandro Pedro Vuaden, mas isso não é curioso, e sim espantoso.

16 de mai. de 2011

Realmente "normalzinho"

Por uma questão de fuso-horário não pude acompanhar as finais dos estaduais que já deram o que tinham que dar em tempo real.
Depois de saber o final e ver a repercussão e os comentários na internet, resolvi assistir a decisão entre Santos e Corinthians. Conclusão: escolhi a final errada.

[Antes de mais nada, quero deixar uma nota de absoluto repúdio em relação a poluição visual das duas camisas. Hoje em dia nem os números escapam aos patrocínios.  " Ah mas é a evolução do futebol " dirão alguns, não vou me estender nesse assunto agora, mas há muitas formas de se administrar certas coisas, fato é que o desrespeito com o artigo mais  "sagrado  " do clube está passando dos limites.]

Algumas horas depois do jogo ter acontecido mas antes deste escriba ter assistido, conversando com uma amiga - uma corintiana que definitivamente não sofre - perguntei: "E aí, o jogo foi bom ?  " ela, do alto da sua grande paixão e comprometimento com futebol respondeu: "Ah, achei normalzinho  ". Mal sabia ela que com essa simples frase despretensiosa definiria de forma tão apropriada o que foi o jogo na Vila Belmiro.

A diferença técnica entre as duas equipes é abissal. Ironicamente, analisando as escalações nome por nome, talvez a única posição em que o Corinthians leve vantagem é o tal de "camisa 9", o encarregado do gol. Liedson x Zé Eduardo é covardia. O problema corintiano é que, Neymar x Jorge Henrique, Arouca x Paulinho, Alan Patrick x Bruno César, Edu Dracena x Chicão, Léo x Fábio Santos, Elano x Ralf também é covardia.

O jogo mais pareceu uma partida de meio de campeonato, de tão normalzinho, lá pelos 20 e tanto do segundo tempo comecei a avançar a gravação. Tite fez o que pôde, mas o que se viu hoje na Vila foi o mesmo que se vê em uma pracinha quando um pai leva seu filho para bater uma bolinha no parquinho; quando o pai tem a situação completamente sob controle e permite que seu filho corra e se divirta - o que não é o caso do Corinthians hoje - até onde ele permitir.

Digam o que quiserem, retranqueiro, pragmático e blá blá blá, mas o Santos de Muricy Ramalho é um time muito mais completo e equilibrado. Um time que aprendeu a jogar sem a bola, e que aliado a sua natural vocação ofensiva é muito mais letal e difícil de ser batido do que o time que fazia um caminhão de gols mas que tinha uma defesa inconstante, principalmente nas bolas aéreas.

 
O Santos é bicampeão paulista com sobras, e esse é o único motivo por eu não achar que quem pagou ingresso hoje perdeu dinheiro, afinal, a grande maioria pôde soltar o grito de campeão paulista de 2011.

Agora convenhamos, essa conversinha mole de que "corintiano vive de Corinthians e não de título "...

12 de mai. de 2011

A[s] pergunta[s] que não quer[em] calar

Acabo de acompanhar o que foi, se não o melhor, certamente uma das melhores partidas do futebol brasileiro em 2011, e curiosamente a pergunta que fica é: O que é mais importante, arte ou eficiência ?

Desde o início da temporada, o que mais se vê na mídia quando se trata de Flamengo é que o time rubro-negro vem conseguindo os resultados de maneira pragmática, jogando um futebol pobre que não convence e não transmite confiança aos torcedores.
Pois bem, hoje o Flamengo fez uma grande partida, embora Luxemburgo tenha executado suas funções muito mal de novo, mas não conseguiu o resultado necessário.

E agora torcedor rubro-negro, o que é mais importante, seu time jogando um bom futebol como o de hoje ou o tal de "futebol de resultados" que levou o Flamengo ao titulo estadual de forma invicta ?

Sandro Meira Ricci

Concordo que o resultado da partida de hoje teve influência direta do soprador de apito, a expulsão de Ronaldo Angelim foi determinante para a história do jogo, mas tudo passível de interpretação. Sandro Meira Ricci pode ter sido rigoroso demais nos cartões, mas foi absolutamente criterioso, puniu com os mesmos cartões amarelos todos os lances semelhantes ao da expulsão do zagueiro flamenguista. Se você concorda ou não, é outra história.
Isso nos leva à uma falha que ao meu ver acontece em todos os clubes, a falta de informação dos jogadores em relação ao juiz. Algo que deve ser trabalhado pela comissão técnica antes da partida.

Sandro Meira Ricci já tem um histórico extenso apitando jogos da Séria A do futebol brasileiro, todos conhecem a sua forma de conduzir a arbitragem e aplicar os cartões. Quem não se lembra do tão falado pênalti de Gil em Ronaldo na partida entre Corinthians e Cruzeiro no final do Campeonato Brasileiro do ano passado que praticamente tirou os mineiros da briga pelo título ?


Arbitragem à parte, atribuir a classificação cearense somente à isso é patético. O time comandado por Vágner Mancini é ótimo, com muitos bons valores como Eusébio[ótimo volante que marca e sai para o jogo muito bem] Oswaldo[melhor em campo hoje] Diego Macedo, Thiago Humberto e os veteranos Geraldo e Iarley.  Na soma dos dois jogos o time cearense foi mais consistente, soube impor seu estilo de jogo, principalmente na partida no Engenhão, e está na semi-final com todos os méritos.

Pelo lado do Flamengo, o futebol apresentado foi muito mais na base da camisa e do desespero do que própriamente táticas, estratégia, jogo coletivo ou qualquer outra coisa, muito em função das circunstâncias[estar perdendo em casa e diminuir o prejuízo na primeira partida e precisar de um gol com um homem a menos no jogo de hoje] mas também por absoluta incompetência de Vanderlei Luxemburgo que ainda não conseguiu dar um padrão de jogo ao time além de ter feito subistituições equivocadas em ambos os jogos.


Fierro no lugar de Léo Moura ? Por que Bottinelli, por melhor que esteja em campo, é sempre a primeira opção de substituição ? Ronaldinho Gaúcho era quem deveria ter sido sacado para a entrada de Egídio, se é que Egídio deveria ter entrado. Diego Maurício é seguramente o melhor atacante no elenco rubro-negro, então por que não joga ?


Já diz o dito popular;  "Há males que vêm para o bem  " mas no futebol o contrário também serve;  "Há bens que mascaram o mal   ". Esse parece ser o caso do título carioca do Flamengo.

9 de mai. de 2011

Espetáculo no Teatro do Sonhos

40 segundos, tempo necessário para que o Manchester United abrisse o placar diante do Chelsea e desse início a mais uma apresentação de gala diante da sua torcida.
Assim como Barcelona e Real Madrid, os rivais ingleses têm se encontrado com frequência nos últimos tempos, e o final quase sempre é o mesmo; alegria vermelha.

Apesar do placar pouco expressivo [2x1] o Manchester United, assim como nas duas partidas pela Liga do Campeões, sobrou em campo; e a razão para tal diferença é simples: criatividade. [Não vou entrar nos quesitos  "planejamento  " e    "Alex Ferguson  " porque senão caro leitor, não termino de escrever hoje, e porque talvez Sir. Alex Ferguson mereça um texto exclusivo no futuro]

Sir. Alex Ferguson - No comando dos Red Devils desde 1986

O que para muitos é um dos melhores planteis do planeta, ao meu ver é um elenco limitado, muito limitado.
O Chelsea apresenta um futebol absolutamente burocrático, um time cheio de volantes que gira a bola de um lado para o outro e termina as jogadas sempre da mesma maneira, com bolas alçadas na área. Não há um jogador criativo no meio campo, que pense o jogo e de profundidade ao time.

Por outro lado, o Manchester United sim, possue um dos melhores [o melhor para esse escriba] elencos do planeta. Procure em qualquer outra liga do mundo, eu o desafio a encontrar um elenco tão coeso, equilibrado e completo como o dos Diabos Vermelhos.
Que outro time no mundo pode se dar ao luxo de entrar em uma semi-final de Liga dos Campeões com nove reservas e vencer por 4x1 ?

Ryan Giggs - O Mr.United - Sinônimo de categoria, jogando como um garoto aos 38 anos de idade

Mas voltando ao duelo em particular, o Manchester dominou e venceu como quis porque tem um time muito mais criativo no meio campo. O lado esquerdo funciona muito bem com Park[melhor em campo hoje] e Giggs[joga demais], Valência pelo lado direito é ótima opção para um jogo de mais velociade[e ainda tem Nani no banco para um estilo de jogo com mais qualidade de passe], Wayne Rooney, que volta para armar com muita qualidade o time [dispensa apresentações], forma uma senhora dupla de ataque com o mexicano Chicharito Hernandez [no banco ? ninguém menos que Berbatov, sem mencionar Anderson, Fletcher, Scholes, Macheda, Obertan, Smalling, Hargreaves, Fábio, O'Shea entre outros].

As opções que não faltam à Alex Ferguson, são escassas para Carlo Anceloti. Esse é o time que o italiano mandou à campo na partida de hoje:


Três atacantes, mas ninguém que faça a bola chegar à eles com qualidade [e nem pense em recorrer ao banco, não vai encontrar nada além de mais volantes, zagueiros e atacantes decadentes]. Malouda é o jogador um pouco mais criativo, de onde por sinal saem as poucas boas tramas de ataque dos Blues, mas não tem bola para ser o único responsável pela criação.

Porque todos insistem que Frank Lampard é meia armador ? O inglês rende muito mais [chegou a eleição final para melhor jogador do mundo inclusive] jogando de segundo volante.

Não me entendam mal, todos os citados são excelentes jogadores, mas não estão atuando nas funções que deveriam, o que nos leva de volta ao problema de elenco, se fosse realmente completo, estes não precisariam exercer funções onde não rendem o que poderiam.

A vitória de hoje praticamente selou o 19º título nacional do Manchester United, é só questão de tempo, a mesma situação vivida pelo Barcelona em relação ao campeonato espanhol, o que faz com que os dois melhores times do mundo na atualidade voltem suas atenções ao encontro que está marcado para o dia 28 de maio.

Manchester United x Barcelona, a arte contra a eficiência. Mas não se engane, o sólido Manchester United também ataca como poucos e o mágico Barcelona se defende tão bem como faz gols, mas isso é assunto para outro post.

5 de mai. de 2011

Explicando o inexplicável

A razão de o futebol ser o esporte mais apaixonante e popular do mundo é simples; Não há explicação, pelo menos não uma explicação exata, para noites como a de ontem.

Pensando bem, há sim, o problema é que há muitas explicações. Centenas, milhares, milhões de explicações diferentes na cabeça de cada "entendido" no assunto. A questão é que nenhuma delas é reconhecida oficialmente como "A" explicação. Não é algo que se tenha uma resposta incontestável como 2+2=4.

[Tá legal, esses dois primeiros parágrafos ficaram confusos, mas não vou apagá-los. É só uma questão de interpretação.]

Voltando para a complexidade, aqui estão as minhas explicações; mas antes de mais nada deixo claro que ao meu ver as supostas "surpresas" foram 3; só quem acreditava no Grêmio eram os gremistas, ainda assim, só os muito otimistas.

Tragédia, surpresa e resultado normal definem os outros três resultados, mas mudemos a ordem e deixemos a "tragédia" para o fim.

A surpresa da noite ficou por conta do time de guerreiros, que ao que parece esqueceram suas armas em casa; surpresa não pelo resultado em sí, ou não só por isso, mas pela postura.
O Fluminense entrou em campo[?] podendo perder por um gol de diferença, perdeu por três e deu adeus ao sonho. E aos desavisados de plantão, que insistem em não reconhecer os méritos alheios, é bom que saibam; o Fluminense não perdeu simplesmente, o bom time do Libertad venceu. Embora "orfão" de torcida, o Libertad é o maior campeão paraguaio da década, conta com ótima infraestrutura, muito melhor que a do próprio Fluminense[o que não é difícil para ninguém] e participa da sétima Libertadores seguida, sendo semi-finalista em 2006.
Em suma a explicação desta partida é simples; o Libertad jogou e se impôs, o Fluminense se "apequenou" e assistiu.

Resultado normal precisa de explicação ? O Internacional perdeu para um dos times mais tradicionais da América do Sul, que tem nada menos do que 5 títulos continentais. "Adormecido" nos últimos anos, cedo ou tarde o gigante acordaria, pior para os colorados.
O Internacional não  "perdeu em casa ", o Peñarol conseguiu boa vitória fora.

Aproveito e deixo a seguinte pergunta: Por que quando um clube brasileiro viaja para jogar fora e volta com os três pontos nós dizemos "Fulano conseguiu boa vitória fora" e quando os clubes de fora vencem os clubes brasileiros no Brasil dizemos "Fulano perdeu em casa" ? Arrogância brasileira ? O que nos dá o direito de nos acharmos tão superiores aos outros se nem ao menos somos os maiores campeões da competição ? [Argentina tem 22 títulos contra 14 do Brasil e 8 do Uruguai, e levando-se em consideração o tamanho do país, população e número de clubes, talvez o Brasil não seja nem o segundo]. O bom desempenho brasileiro nos últimos anos parece ter "subido na cabeça" de alguns.

Tragédia. Define bem a noite em Sete Lagoas. "Barcelona brasileiro" era como vinha sendo chamado o Cruzeiro versão 2011. Preciso dizer mais ?
Era simplesmente o duelo do melhor clube da primeira fase contra o pior, duelo do clube que apresentava o melhor futebol da América do Sul no primeiro semestre contra um time que sofreria na Série B do Campeonato Brasileiro. O problema é que o tal time era o Once Caldas, clube que "goleia por 1x0 ", e que parece ter sido criado com um único propósito; infernizar a vida dos clubes brasileiros.

Minha explicação ? Vou ficar devendo. Fatalidade de uma noite infeliz talvez. Mas nesse caso, esteja à vontade para dizer "O Cruzeiro perdeu ". A diferença para os demais casos ? Bom, marque mais dez jogos entre mineiros e colombianos e na pior das hipóteses teremos nove goleadas e uma vitória simples do time celeste.

Mas nem tudo é ruim como parece. A quinta-feira será irônicamente histórica. O dia em que gremistas e colorados terão que se dar as mãos, e não poderão tirar sarro da desgraça alheia.

Fechem as janelas e tranquem as portas...

2 de mai. de 2011

Hora de apagar as velinhas !


No próximo dia 12, o De Olho no Lance completará seu primeiro ano de vida. Foi um ano intenso e surpreendente, afinal, "redação" não era exatamente a parte preferida deste blogueiro na grade escolar.

Porém, o que antes arrancava um "Ahhh nãããoo professora..." anos atrás, hoje é, além de um hobby, onde pretendo pautar o resto da minha vida. Escrevendo, lendo e buscando cada vez mais crescer, aprender, evoluir.

Comecei a escrever por influência de alguém muito especial, alguém que é capaz de enxergar em mim o que nem eu mesmo sou capaz de perceber. Alguém que já não faz mais parte da minha vida da mesma forma, fato que o tal do coração se recusa a aceitar, ainda que a cabeça queira seguir adiante.

Confesso que não esperava tamanho sucesso e reconhecimento em um país onde "todos são técnicos de futebol", minhas opiniões e críticas nunca foram unânimes, e eu também nunca quis que fossem, afinal, como diria Nelson Rodrigues; "Toda unânimidade é burra  ".
Debatendo as mais diversas vertentes do futebol, com todo tipo de visão e crítica, conheci muitos blogueiros que hoje tenho como amigos, ainda que não os conheça pessoalmente. Com eles aprendi, por vezes mudei de opinião nisso ou naquilo por aprender a ver de outro ângulo, e em alguns até mesmo me espelho.

Se pudesse definir o ano de 2010 para esse blog e este blogueiro diria que foi uma grande descoberta e um aprendizado maior ainda, e para o ano de 2011, embora estejamos ainda no primeiro semestre, a definição já está pronta; "Mudança". Mudança com o amadurecimento como escritor e comentarista esportivo amador [por enquanto] e mudança física, com a volta desse escriba ao Brasil.

Portanto, quero agradecer de coração todos que acompanharam e ajudaram a fazer do De Olho no Lance o que ele é hoje, porque clichês à parte, de nada adiantaria sem os acessos e comentários de vocês.


Um grande abraço à todos.