"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

17 de jun. de 2013

Jogo de bola

O futebol é feito de movimentos simples - teoricamente. Não raro escuto alguém - que, ou não gosta de futebol ou é algum idealista revoltado com as cifras que circulam no esporte - dizer que é um absurdo fulano de tal ganhar milhões para correr e chutar uma bola. Portanto, simples.

Não vou entrar no mérito da questão, simplesmente partiremos do pressuposto de que de fato é simples. E entre os movimentos que compõe o jogo de bola, o mais simples deles é o passe. É o primeiro fundamento que o menino aprende na escolinha de futebol. O beabá, a base, o essencial para qualquer peladeiro jogar em um campo de terra batida.

E aí, você fatalmente vai pensar que pela simplicidade do fundamento, ele certamente não será suficiente para jogar em alto nível. Pequenos passes de três, quatro, cinco metros de distância não levam a lugar nenhum, que dirá, ao título do que quer seja. E aí você inventa, na tentativa de aperfeiçoar e aumentar a qualidade do jogo.

E na busca pelo diferencial, perde-se a essência. Esquece-se que futebol é jogo de bola, é jogo coletivo, que um gol tem o mesmo valor para os onze que vestem a mesma camisa.


É, o futebol, de verdade, é mesmo simples. Complicado é vencer quem faz o simples com eficiência.