"Além dos sinais externos que denunciam - cabelos brancos, cabelo nenhum, rugas, barriga, essas indignidades - as gerações se reconhecem pelos jogadores de futebol que se têm na memória"

Luis Fernando Veríssimo

25 de abr. de 2013

1/1/1

Hoje é o primeiro dia de um novo mandato no futebol mundial. A referência mudou de endereço. Trocou, sem cerimônia, a paella pelo chucrute.

As vezes imagino o futebol como uma madame nascida em berço de ouro; alguém genioso, impositor de suas vontades, irônico e que não aceita desaforo. Promove situações e encontros de invejar qualquer script hollywoodiano.

Pep Guardiola, o mentor da maior revolução futebolística do século, responsável por colocar fim a própria criação - não se iluda, Jupp Heynckes não é o responsável pelo futebol apresentado pelo Bayern de Munique.

E essa madame é mesmo ingrata. Mal se lembrou das vezes que o clube catalão nos brindou com sua arte nos últimos anos. 4x0. Incontestável e sem piedade. Com requintes de crueldade ao melhor jogador do mundo.

Madame sarcástica, que no dia seguinte aprontou de novo, e calou aqueles que um dia antes se deliciavam com a desgraça alheia.

Não tem mesmo coração essa madame metida a besta. Substitui uma geração inteira por outra em 180 minutos.

Era uma vez espanhois, argentinos e portugueses que dominavam o mundo. Um certo dia, eles trombaram com alemães, holandeses, franceses, a até poloneses, e... Bom, o mundo mudou de pés.

8 de abr. de 2013

"Um por todos, e todos por um"

A filosofia de Athos, Porthos e Aramis, mais conhecidos como "Os Três Mosqueteiros", parece, a cada dia que passa, ser a receita mais óbvia para o sucesso de um time de futebol.

Um time sobrevive de seus talentos individuais, mas vive primordialmente de seu coletivo, ou melhor, da união de seu coletivo.

Aquele que é tido por muitos - inclusive por quem vos escreve - como um dos maiores times da história do futebol é exemplo claro disso. Encantou o mundo com um futebol absolutamente coletivo e generoso, e nas vezes que isso não foi suficiente, viu o talento de um gênio, um tal de Messi, resolver a questão.

Mas a questão é entender que "jogo coletivo" é mais do que entrosamento dentro de campo. Jogo coletivo começa no banco de reservas, na figura individual do treinador. Nasce na filosofia do líder e vive da credibilidade que essa filosofia é capaz de conquistar entre os comandados. Em suma, a diferença do coletivo que vence para o que perde, está na crença dos jogadores naquilo que estão fazendo. Se todos acreditam no que seu treinador diz, a união faz a força, caso contrário, não há força de elenco que sobreviva a desunião causada pela descrença. Cenário fácil de notar nos vizinhos São Paulo e Palmeiras.

Líder do Campeonato Paulista com um jogo a menos, mesmo jogando a maioria das partidas com o time considerado reserva. Em crise, porque o principal objetivo da temporada virou "missão impossível". Esse é o São Paulo, um dos melhores elencos do país, que não funciona por não acreditar em seu comando.

Um time limitado, instável, que sofre com resultados negativos, expressivos, constantemente, e principalmente com a má administração fora de campo. Só que não. Depois de mais um capítulo trágico, a tal má administração deu o primeiro sinal de amadurecimento: consciência de que o trabalho que vem sendo feito, visa um objetivo a longo prazo. Deu continuidade ao trabalho de um líder que provou ter a fé de seus comandados. Aula de futebol coletivo, união. Recompensa inevitável. Esse é o Palmeiras.

Futebol não é uma ciência exata. Impossível de prever. Na semana que vem o post pode ser sobre a heróica classificação são paulina e a previsível eliminação palmeirense - leia-se Libertadores da América. O fato é que o futebol tem seu aspecto religioso, é preciso acreditar no que é pregado para que os resultados que se esperam aconteçam.