O 4-4-2 é, ou já foi, o esquema tático mais utilizado no mundo. As tradicionais duas linhas de 4 são mais um legado brasileiro ao futebol mundial, já que foram criadas por um cidadão chamado
Mário Jorge Lobo Zagallo em seus tempos de ponta.
Por não ter a mesma habilidade que seus concorrentes na seleção brasileira, Zagallo passou a voltar para compor um quarto homem de meio de campo quando o Brasil não tinha a posse de bola, e essa diferença em relação aos demais lhe garantiu a titularidade na seleção canarinho.
Considerado o esquema perfeito para um time de futebol, o 4-4-2 foi ganhando diversos "desenhos" e variações. Desdobramentos como 4-2-2-2 (4-4-2 com os homens de meio-campo em "quadrado") 4-1-2-1-2 (4-4-2 com os homens de meio-campo em losango) 4-4-1-1 (4-4-2 com o chamado "engache" na frente) 4-3-1-2 (4-4-2 com três volantes e um meia livre para criar), enfim, ao meu ver todos descendentes do revolucionário 4-4-2 criado pelo senhor do número 13.
O que mais me agrada no 4-4-2, além dos possíveis desdobramentos, são suas
variações de movimentação. Apenas para citar um exemplo, o abominável sistema com três zagueiros(3-5-2) pode ser feito de maneira muito mais interessante no 4-4-2. O Brasil de 1970 jogava com algo parecido. Na época, o então treinador Zagallo, liberava Carlos Alberto Torres (LD) para apoiar o ataque e segurava Everaldo (LE) que fazia um terceiro zagueiro ao lado de Brito e Piazza, transformando constantemente durante o jogo o 4-4-2 em um 3-4-3 com o avanço de Carlos Alberto Torres para o meio-campo que empurrava Pelé ao ataque.
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4-4-2 com Pelé na armação |
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Com o avanço de Carlos Alberto Torres a equipe passa para um 3-4-3 com Pelé fazendo um terceiro atacante e Everaldo um terceiro zagueiro |
Curiosamente, mesmo sendo capaz de tantas variações táticas com base no 4-4-2, sendo feitas muitas vezes durante a partida, o futebol brasileiro de uma forma geral nunca foi capaz de colocar em prática o tradicional esquema com
duas linhas de 4 homens que frequentemente observamos no futebol europeu. Isso porque falta aos jogadores brasileiros a tal da
"disciplina tática".
Para jogar com as duas linhas de 4 homens, é necessário que o time todo se movimente em
bloco, de forma compacta, ou seja, quando a linha de meio-campo subir ao ataque, a linha de zaga tem que adiantar seu posicionamento, o que difícilmente as defesas brasileiras fazem, essa aliás tem sido uma observação constante de zagueiros brasileiros que voltam do futebol europeu.
Se a linha de zaga não adiantar seu posicionamento, surgirá um enorme buraco entre o meio-campo e a zaga. Um salão de festas ao adversário.
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Espaço deixado pela linha defensiva durante o avanço do meio-campo ao ataque |
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Compactação da equipe com a aproximação da linha defensiva |
Se a equipe consegue jogar de maneira compacta, ocupando uma faixa de aproximadamente 30 metros do campo, consequentemente diminuirá muito os espaços para que o adversário crie suas jogadas ou até mesmo consiga sair jogando de trás com qualidade.
Outro fator que contribuiu para que as famosas duas linhas de quatro não funcionassem perfeitamente nos gramados brasileiros foram os volantes, já que começamos a contar com uma boa safra apenas recentemente.
Jogando com as duas linhas, os volantes ficam com a
faixa central do campo. É fundamental que sejam
"volantes-meias", ou seja, jogadores que
marcam e
armam a equipe. É importante também que eles não tenham receio de subir ao ataque para proteger a defesa, caso contrário, com os meias abertos pelos lados do campo, o time perde a intermediária ofensiva dificultando muito a criação de jogadas.
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Espaço deixado na intermediária sem o avanço dos volantes, "quebrando" a linha de meio campo. |
Atualmente é comum vermos times com apenas um homem de referência na frente e três ou quatro meio-campistas chegando de trás, abdicando assim do 4-4-2 para o 4-2-3-1 ou times com três atacantes, jogando no 4-3-3, como o Arsenal ou fantástico Barcelona(Mas esse é um caso a parte, que vale até um post futuro). Porém, ao meu ver, o 4-4-2 continua sendo o esquema perfeito para um time de futebol, se bem treinado e executado, é capaz de "anular" qualquer esquema adversário com suas variações de posicionamento e movimentação.