Eu, você leitor que acompanha esse blog, que certamente o faz por gostar de futebol, boleiros de todo o continente, admiradores de futebol por todo o mundo e o mais importante, o próprio
futebol, devemos respirar aliviados e agradecidos pelo título celeste na Copa América.
Sentei em frente a televisão hoje às quatro horas da tarde aflito e torcendo como há tempos não fazia nem mesmo por meu clube de coração. Qualquer resultado diferente de título uruguaio
nos noventa minutos seria uma derrota não apenas da Celeste, mas do
jogo de futebol. Chamem o que os paraguaios praticam de qualquer coisa, menos de futebol.
Queiramos nós ou não, qualquer time campeão, ainda que utilize como filosofia de trabalho o
anti futebol - porque é isso que fez o Paraguai nessa Copa América - ou qualquer outro método pouco admirado pela grande maioria, sempre gerará uma tendência no futebol, ao menos local;
"Ora, se deu certo com eles, por que não conosco ?"
|
Oscar Tabárez |
O título uruguaio trará a tendência e a influência correta; a de um trabalho sério de reformulação que vem desde as categorias de base, iniciado em 2006 e coordenado pelo próprio treinador da seleção principal, Oscar Tabárez, que exige até mesmo que os garotos estejam na escola; a de um time extremamente organizado em campo que apresenta a mescla perfeita entre
"operários" e "craques"; de um time que demonstra absoluta entrega em campo e que com tal entrega exibi uma sintonia perfeita entre time e torcida; exemplo de raça, hombridade e sede de vitória.
Estamos presenciando o renascimento daquela que foi a primeira grande força do futebol na América do Sul e grande anfitriã do esporte no continente, que com suas exibições pelo velho continente no começo do século 20 conquistou o respeito e consideração que o futebol sulamericano possui hoje. Bicampeã olímpica 1924/1928, bicampeã do mundo 1930/1950, país sede da primeira Copa do Mundo e os responsáveis pela maior derrota da história do futebol brasileiro. Feitos e glórias não faltam a Celeste Olímpica.
|
Diego Forlán |
Renascimento que começou a ser claramente notado na Copa do Mundo de 2010 com o quarto lugar, sendo a seleção sulamericana mais bem posicionada, e o prêmio de Diego Forlan como melhor jogador do mundial; passando pelo vice campeonato do mundial sub-17, que só comprova o ótimo trabalho feito na base, e que culminou agora, em um título absolutamente merecido que coroa uma geração que certamente está entre as mais importantes da história do futebol uruguaio, não pelos resultados, mas pelo resgate do futebol, da tradição e do orgulho de um país apaixonado pelo esporte bretão. Sem mencionar o Peñarol na final da Libertadores, na base da camisa, que só comprova que o renascimento abrange todo o futebol uruguaio.
Tudo isso em um país de apenas 3 milhões de habitantes.
Sob o comando de
Diego Forlán - craque - e Suárez - que está sem dúvida entre os grandes centroavantes do futebol atual - o Uruguai é agora o maior campeão da Copa América com 15 títulos.
Ode ao futebol, que nas cores da maior força do continente provou que
"aquilo" que eliminou o Brasil não prevalecerá jamais.